Participou, com Janaú, da Bienal "Nirin" em Sidney (curador Brook Andrew) com o vídeo da Marcha das Mulheres Indígenas (2019); do Seminário de Histórias Indígenas do MASP (2019); da Exposição “Agosto indígena” (2019) - São Paulo; da Teko Porã, na exp.coletiva “Re-antropofagia” com curadoria de Denilson Baniwa e Pedro Gradella em Niterói - Centro de Artes da UFF (2019). Já foi indicada ao Prêmio de Arte e Educação da Revista Select, em 2018, pelo projeto II Bienal do Ouvidor 63, ocorrido na maior ocupação artística de São Paulo.
Sobre a obra
As colagens de Moara Brasil coroam figuras emblemáticas das causas indígenas contemporâneas com o ar das deusas míticas. Essas personalidades são consideradas, pela artista, “transformadoras políticas”, que assumem novos papéis, que, antes, eram destinados somente aos homens. Em um diálogo, que tivemos por email, ela explica: “É a forma delas se colocarem enquanto feministas, mas num feminismo comunitário diferente do feminismo eurocêntrico”. Tuíra, a mulher Kayapó, que ficou mundialmente conhecida, no fim da década de 1980, por colocar um facão no pescoço do dirigente da Eletronorte, em defesa de seu povo, em uma audiência, ganha uma espécie de totem formado por flores e folhas. Lembrada ainda jovem e por ter sido ousada, Tuíra mantém seu heroísmo na história sob a atualização de outra imagem: trata-se da anciã Tuíra, que segura o facão acima de sua cabeça, fitando, à frente, o horizonte.
Em "Kadiweu" Moara Tupinambá faz uma clara referência aos campos da Antropologia da Arte e da História da Arte, numa operação de ressignificação de cânones. A foto da mulher do povo Kadiwéu, que ganhou publicidade com um importante estudo de Lèvi-Strauss sobre as pinturas faciais deste povo, é trazida para uma nova condição. Em vez de uma indígena sem nome, objeto de estudo de um eminente antropólogo francês, uma mulher mítica. Talvez uma deusa, uma ancestral simbólica, representante da resistência feminina diante das imagens cunhadas sobre seus corpos por uma elite intelectual estrangeira. A imagem da artista se sobrepõe à imagem forjada pela tradição da Antropologia, baseada nos binômios mulher-corpo e homem-mente, objeto e sujeito, passiva e ativo, personagem e autor. Nesta série, Moara traz as mulheres indígenas sobre um fundo de estrelas, sugerindo o espaço sideral. Luas, planetas e outros astros podem aparecer no fundo, criando uma atmosfera de transcendência. Flores funcionam como delicados e sensuais paramentos, armaduras, ou capacetes característicos de uma cultura não terrena, mas talvez de outros mundos."
Fragmento da tese “Arte Indígena na escola não indígena: a retomada da cultura”.
Autoria de Tales Bedeschi Faria.
Moara Tupinambá
Moara Tupinambá é artivista visual e curadora autônoma, natural de Maery do Pará (Belém do Pará). Seus ascendentes paternos têm origem da comunidade rural de Cucurunã e a materna da Vila de Boim (Tupinambá, localizada no Rio Tapajós). Atualmente faz parte do Levante Tupinambá, do coletivo amazônida MAR e da associação multiétnica Wyka Kwara. Radicada em São Paulo, é artista multiplataforma e utiliza: desenho, pintura, colagens, instalações, vídeo-entrevistas, fotografias, literatura e performances. Sua poética percorre cartografias da memória, identidade, ancestralidade, resistência indígena e pensamento anticolonial. Atualmente está participando com o "Museu da Silva" na 30a edição do Programa de Exposições CCSP Mostra de 2020.
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